Preocupem-se, se fazem favor!
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Continuo a não gostar, quando olho para esta torre da igreja, aqui mesmo no centro da cidade de Vendas Novas.
A questão é que ao longo dos anos me habituei a disfrutar do Ninho de Cegonha que ali estava até alguém ter decidido derrubá-lo no passado mês de Agosto. O ninho foi derrubado e, pelos vistos, tudo se passa como se nada se tivesse passado. Mas não foi isso que se passou. Nem mesmo se, por algum acaso, decidirmos colectivamente fazer de conta que nada se passa, faremos que o problema desapareça. Não vai desaparecer.
Eu sei perfeitamente que se trata de uma micro-causa. Sei bem que há em Vendas Novas imensos problemas bem mais importantes e decisivos para o nosso futuro colectivo. Sei perfeitamente que seria mais bem aceite se, pura e simplesmente, desistíssemos de nos importar. Mas ainda assim, o tal problema de fundo não desaparecia.
Um ninho de cegonha é, pelas leis da República e por direito colectivo, um património da comunidade. Isso implica que os cidadãos e cidadãs desta terra se importem, se preocupem. A população é parte integrante deste processo, por respeitar a uma singela parte do património colectivo. Parte integrante, no sentido de que tem uma palavra a dizer, de que deve ser considerado. Ou, no mínimo, de que deve ser informado.
O que se passou agora com este ninho de cegonha foi exactamente o mesmo do caso dos enormes eucaliptos cortados num bairro da cidade, aqui há uns meses, apenas porque alguém achou que estavam ali a mais. Ao que parece, ninguém, ou quase, se preocupou. Agora, ao que também parece, novamente ninguém ou quase, se preocupou.
E foi também o mesmo dos vários ninhos de cegonha que, na área urbana de Vendas Novas, foram silenciosamente derrubados ao longo dos últimos anos. Também, ao que parece, sem que ninguém se importasse. Afinal, há leis ou não há leis que proíbem determinantemente estas coisas de acontecerem? E se há, devem ser respeitadas e fazerem-se respeitar, ou têm apenas mero carácter indicativo? É que se for isso, então estou enganado.
Hoje parece ser com uma causa insignificante, amanhã será com outra questão qualquer, um dia destes acordamos e descobrimos que já não nos importamos com nada. Que é tudo um faz-de-conta. Não estará na altura de nos preocuparmos?
Preocupem-se, se fazem favor!
17 comentários:
A sua apreensão merece-me o maior respeito. Pouco a pouco vimos assistindo ao amolecimento e ao acomodar dos cidadãos quando confrontados com evidências destas. Os Portugueses habituaram-se a sobreviver; a ter de fazer escolhas; a definir as suas próprias prioridades. Quando diariamente assistimos à derrocada dos mais elementares princípios constitucionais (o direito à saúde, à educação, à segurança social, à estabilidade no emprego...) quando tudo começa a ficar em causa, alguma coisa terá de ficar para trás nas preocupações dos Portugueses.
Estamos a ficar pobres. Culturalmente pobres; financeiramente pobres; espiritualmente pobres. Pobres, assustados, e acomodados.
Sobre a questão em si não poderia estar mais de acordo consigo.
No entanto, aquilo que me levou a comentar este post é a sua afirmação de que:
«Hoje parece ser com uma causa insignificante, amanhã será com outra questão qualquer, um dia destes acordamos e descobrimos que já não nos importamos com nada. Que é tudo um faz-de-conta. Não estará na altura de nos preocuparmos?»
Pois é, este é, na minha opinião, o problema central que vivemos, a sistemática alienação face aos assuntos que directa ou indirectamente nos atingem.
Por isso, ontem fui a Lisboa, resolvi manifestar o meu profundo descontentamento com as políticas deste Governo - um Protesto Geral como resposta a uma ofensiva global.
Perante uma receita que já deu provas do que vale (trouxe-nos até aqui) resolvi sair à rua.
Vi uma das maiores manifestações de sempre, fiquei com a certeza de que a luta vai continuar.
É verdade, também vi muitos vendasnovenses que não baixam os braços e sabem que um outro País é possível e que em política não existem inevitabilidades.
Vontando ao tema central do post, também não é uma inevitabilidade que continue a assistir passivamente ao derrubar de ninhos de cegonha, em especial alguns ninhos «emblemáticos» de Vendas Novas.
Porque não há inevitabilidades nestas matérias, o seu post faz todo o sentido.
Estas “Cegonhas” do “jal” é que trazem mesmo “água no bico”, em vez de paus para o ninho… Eu vi logo que a intenção do discurso era outro: falar da “manif” de ontem no “post” das cegonhas, não lembra ao careca!
Tudo bem, faça lá a sua publicidade gratuita…
Há sempre uma desculpa para a "não preocupação"
E que tal expor a situação ao Capelão acerro defensor do derrube dos ninhos de cegonha???
Uma questão:
O ferro que se ve na fotografia não servirá para no ano que vem a cengonha voltar e assim ficarmos com o Telhado da Capela em condições e de novo com a cegonha???
Em jeito de resposta ao anónimo de cima e mesmo que ninguém me tenha passado procuração, deixe-me lembrar:
- é completamente proibido retirar ninhos de cegonha;
- a respectiva legislação consta no anexo II da Convenção de Berna relativa à protecção dos habitats e espécies selvagens da Europa e ainda no anexo II da Convenção de Bona relativa à protecção das aves migradoras e ainda no anexo A-I da Directiva Aves/Habitats da UE. (Informação contida no livro vermelho dos vertebrados de Portugal);
- a única instituição com poder para autorizar tudo o que tem a ver com Ninhos de Cegonha é o ICN - Instituto de Conservação da Natureza;
- é obrigatório por lei pedir autorização ao ICN para retirar ninhos, ainda que se pretenda colocá-los noutro sítio; ou mesmo que seja só retirá-los para efectuar qualquer tipo de obras e voltar a colocá-los no mesmo sítio;
- o facto de terem instalado um local apropriado para que a cegonha venha a fazer outro ninho, não tem nada a ver com o derrube do ninho que lá existia; apenas demonstra alguma preocupação, mas nãoé o cerne da questão;
- se a intenção era mudar o ninho de sítio, primeiro pedia-se autorização e depois os técnicos do ICN vinham mudar o ninho para o novo local (por exemplo para aquele sítio que se vê atrás, na foto);
- o que foi feito não seguiu estes procedimentos. Como não parece que tenha existido autorização para este derrube, fica muito´mal a uma instituição publica dar estes exemplos;
- fica também mal às autoridades locais terem conhecimento deste caso e não procurarem averiguar o que se passou, por exemplo se houve ou não autorização;
- ficaria bem à Camara Municipal tentar perceber o que se passou com este derrube, pois eles têm obrigação de conhecer a lei;
-além do mais, a Câmara não pode invocar desconhecimento do caso pois passa-se ao lado do seu edificio; se nada fizer, aí está outro mau exemplo;
- as restantes autoridades da terra como seja a GNR, também temuma palavra neste caso, pois têm por missão cumrir e fazer cumprir a lei em vigor;
- como diz o autor da peça, parece que aí ninguém se preocupa, o que é pena.
Siga para a frente o protesto e tudo para a frente da Igreja, se há alguem para responsabilizar, esse alguem pode ser por exemplo o Comandante da Escola Prática, a quem o Património pertence...ou o p´roprio Capelão!
Ou entao alguem deveria fazer uma exposição ás entidades competentes que aqui são referidas!
Eles falam falam mas não fazem nada ....
Eles falam falam mas não fazem nada ....
Eles falam falam mas não fazem nada ....
......à maneira de um certo número de vendanovenses muito politicamentecorrectos que procuram acima de tudo é dar opinião e ser escutados , mas quando toca a asumir e a dar a cara ficam nas covas.
Ou quando participam têm sempre outra na manga, procurando estatuto".
Hoje é Sábado. Não sei se já vos terá ocorrido: os sábados, os domingos e os "feriados" não são dias úteis. Ou seja, são dias... inúteis.
A utilidade social é um conceito com grades, restritivo e culpabilizador.
O prazer é inútil.
O descanso é inútil.
A diversão é inútil.
A aventura é inútil.
A cultura é inútil.
Viver é inútil.
Só o trabalho com horário certo e produção garantida nas contabilidades do PIB é útil.
São os economistas, os banqueiros e os empresários que fazem as leis, que ditam os contornos e os limites da utilidade social.
Há uma parte da sociedade que não me pertence e não me reconhece. E que me aliena.
Ainda não consegui perceber por que devo sentir-me útil às segundas, terças, quartas, quintas e sextas (quando não coincidem com feriados) e inútil, aos sábados e aos domingos.
Vou aproveitar este sol maravilhoso e curtir a minha inutilidade por aí...
Aproveitem e façam como eu. Bom fim de semana e vivam os inúteis.
Pois é, há os inúteis dos sábados, domingos e feriados que sabem curtir. Há aqueles que, por obrigação, não podem ser inúteis e há os doentinhos-do-trabalho que continuam a ser úteis todos os dias do mês... não sabem fazer mais nada...
Bem, cada um sabe de si. Não tenho nada com isso!
Mas atenção inúteis, curtam enquanto podem, não venha aí uma lei que obrigue a serem úteis todos os dias!
Já agora identifico-me,
Inútil
Onde está o ninho da cegonha??????
Senhores Sherlock Holmes dessa maravilhosa cidade, conhecem os locais de onde, possívelmente, foi dada ordem para cometer o "crime", já conhecem algumas leis à protecção das aves migradoras. De que estão à espera?
Pois é, a partir de agora pouco mais haverá a fazer do que actuar no sentido de encontrar os verdadeiros responsáveis.
A preocupação demonstrada no sentido de minimizar tão grave atentado à vida das nossas queridas cegonhas que, desde sempre, nos habituámos a ver na torre da igreja, colocando um pequeno suporte em substituição do ninho lá existente, não chega para que fiquem impunes os responsáveis de tão hediondo acto.
Deverão ser chamados à justiça para que, no futuro, acções destas não se voltem a repetir.
A bem das nossas cegonhas!
Ecologista anónimo
eles falam, falam ..
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