terça-feira, 28 de novembro de 2006

Paragem de autocarros

Foi na Sexta-feira passada, o dia estava ventoso e chovia.
Cinco e meia da tarde, a pouca luminosidade anunciava a noite que estava prestes a chegar..
Cinco metros à minha frente seguiam mãe e filho, o puto tudo fazia para se libertar da mão da mãe, queria ir à frente, dar o peito ao vento e a cara à chuva.
Uma rabanada mais forte virou o chapéu da senhora, e o puto logo que sentiu a mão solta ensaiou uma corrida.
Dois metros à frente, esbarrou numa parede invisível, e foi com o cu ao chão.
Bateu de cabeça contra o vidro e o gorro de lã foi o amortecedor providencial. O puto chorava com o susto que apanhara e com as palmadas que a mãe lhe deu.
Eu tenho a impressão que a mãe se assustou mais que o filho, e que as nalgadas foram mais uma descarga de adrenalina que um castigo ao puto rabino.
Tive pena do gaiato, lembrei-me que quando tinha a sua idade também eu era assim, aliás, todos os putos normais em dia de vento e chuva gostam de correr na rua a desafiar a chuva e o vento.
O único azar do puto foi estar ali implantada aquela paragem de autocarros, a impedir a livre circulação dos passantes e a corrida que ele queria fazer.
Aquele monumento à inutilidade está ali há anos e não me lembro de lá ver alguém a apanhar um autocarro.
É o poiso de alguns velhotes que ali se protegem do sol ou da chuva e vêm o movimento rodoviário em fim de tarde.
No Domingo encontrei o puto, perguntei-lhe como estava a cabeça, que estava tudo bem, e o galo já estava a desaparecer. Já está capaz de outra.

Mourato Talhinhas
MouTal

24 comentários:

Anónimo disse...

Gostei.
Teria sido numa das paragens de autocarros em Vendas Novas?

Anónimo disse...

Moral da história:
-O puto ai pôr a mãe em tribunal por agressão física a menores!
-A mãe vai pôr a Rodoviária em tribunal!
-A população de V.Novas vai fazer um abaixo assinado par se acabarem com os autocarros!

bomdebola disse...

Gostei da forma simples e espontânea que empregou neste seu texto.

Quanto à inutilidade da paragem de autocarros, aí a minha opinião já poderá divergir. Se não há passageiros, há os tais velhotes que ali se protegem do sol ou da chuva e vêem o movimento rodoviário em fim de tarde.

Provavelmente não há alternativas melhores nas proximidades para estes idosos confraternizarem, mas esta é outra questão que alguém terá de abordar um dia destes por aqui.

MouTal disse...

Meu caro"bomdebola"
O problema é a paragem estar a impedir a circulação dos peões.
Basta que recue o suficiente para que possa circular, por exemplo, uma cadeira de rodas,OK?
Eu não sou contra a paragem em si, sou contra a sua implantação, que constitue uma barreira arquitectónica.
Cumprimentos.

Anónimo disse...

A sua história, caríssimo Moutal, está muito bem contada, facto pelo qual lhe apresento as minhas felicitações, mas, e há sempre um mas, induz, a meu ver, numa pequena confusão da qual, deve dizer-se, não vem nenhum mal ao mundo, e que é potenciada pelo seu post das 16.19h ripostando um outro post do, sempre oportuno e atento, “bomdebola”.

No seu post inicial, pode ler-se, num determinado parágrafo, o seguinte: “Aquele monumento à inutilidade está ali há anos e não me lembro de lá ver alguém a apanhar o autocarro”; no seu post onde exerce, e muito bem, o seu direito ao contraditório, relativamente ao post colocado pelo “bomdebola” afirma: “Eu não sou contra a paragem em si, sou contra a sua implantação, que constitui uma barreira arquitectónica”.

Ora muito bem, para um leitor como eu, se calhar, menos avisado, e independentemente de ficar sem saber, com exactidão, qual é a sua opinião pessoal sobre o assunto, coisa que também não é importante, fica-me a dúvida se o que está mal, e é alvo do seu comentário, é a paragem do autocarro, em si mesma, porque estes lá não passam ou, passando, ninguém lá os apanha ou, numa segunda hipótese, o que está, efectivamente, em causa não é a paragem do autocarro, justificada pela sua, mais ou menos, frequente utilização, mas sim o abrigo dessa paragem, mormente a sua localização, bem no centro do passeio como é apanágio dos mentores autárquicos em muitas outras situações similares. Numa terceira e última hipótese, possivelmente a que ganha maior consistência, nem a paragem de autocarro tem razões para lá existir já que os autocarros lá não passam e/ou não existem utilizadores para ela e, por maioria de razão, não faz nenhum sentido um abrigo numa paragem de autocarros que, por esta ou aquela razão, não o é de facto.

Permita-me que deixe aqui uma sugestão aos responsáveis autárquicos na eventualidade, e só neste caso, do abrigo não se justificar: aproveitem as estruturas existentes e, com pouco mais, façam um aquário, recheiam-no de belos e exóticos peixes para contentamento de crianças, jovens e adultos da nossa cidade…

Anónimo disse...

“As pensões entre 2.387,17 euros e 4.774,35 euros aumentam 2,4%, em Dezembro de 2006”.
E os vencimentos entre 400,00 euros e 1.000,00 euros, nas empresas de Vendas Novas? Uma percentagem mais baixa é certo, mas que importância tem isso?

Anónimo disse...

E as empresas de V.Novas que pagam salários inferiores a 400,00 euros e que tiveram menos de 2% de aumento?

Anónimo disse...

Por incrível que pareça ainda há quem tenha vencimentos inferiores a 400,00 euros.
Claro que o nosso ilustre painel de visitantes desconhecia esta realidade.

Anónimo disse...

E também há aumentos de vencimentos numa percentagem inferior aos 2,4 por cento das pensões de 4.700 euros.

Anónimo disse...

Será que dá para trocar o meu ordenado de 400 euros, as minhas 8 horas de trabalho e o meu aumento de 2%, pela pensão de 4.700 euros, zero horas de trabalho e o aumento de 2,4%?

Anónimo disse...

Rendimentos mais elevados com aumentos percentuais superiores aos rendimentos mais baixos!!! Isto é política não é??? Os nossos políticos são sérios, honestos, competentes, e mais do que isso, têm um sentido de coerência e um espírito solidário que nos deixa a todos embevecidos. Já podemos dormir descansados. O futuro está salvaguardado, estamos todos felizes, não se passa nada…
Este é o retrato fiel do Portugal justo que nós temos. Viva o PS, viva o PSD, viva o PCP, viva o BE, viva o CDS… viva a competência dos políticos que nós elegemos.

MouTal disse...

Caro "anónimo" das 18H20 de 29Nov.
Obrigado pelas suas palavras, e pela pertinência das mesmas.
Mas para melhor esclarecimento eu acrescento o seguinte quanto à sua observação. O motivo principal que me levou a escrever o "post" é precisamente - a implantação da paragem - que leva a que os transeuntes circulem, isto é, sejam obrigados a sair do passeio para a via de paragem das viaturas.
Eu sei que por esse facto não vém mal ao mundo, mas se o transeunte se deslocar de cadeira de rodas...aí tem de descer e voltar a subir o passeio...e o passeio, como o seu próprio nome indica é o local por onde devem circular as pessoas...a passo e em passeio.
Mas se o meu caro amigo reparar, na dita paragem não há qualquer tipo de informação, como por exemplo: que carreiras lá param? donde e para aonde vão? nem as horas de paragem. Ou seja, se alguém para lá for esperar um transporte para Évora, terá de mandar parar todas as camionetes que por ali passarem e perguntar aos motoristas para aonde vão..está a ver o ridículo da questão?
Claro que tudo isto se passa porque parece que as empresas de transportes nos fazem o favor de nos transportar, e não se cobram do serviço que prestam. E como o pessoal está tão habituado a ser maltratado, nem repara nestes pequenos pormenores.(Isto sou eu a dizer).

Anónimo disse...

Caro Moutal,

Muito obrigado pelo seu, oportuno, esclarecimento o qual veio dissipar todas e quaisquer dúvidas que, por ventura, ainda pudessem existir no meu espírito, ou de quem quer que seja.

Não há outra conclusão a tirar que não seja a total inutilidade da dita paragem de autocarros, que a ninguém serve, acrescido do verdadeiro incómodo que a colocação do seu abrigo, mesmo no centro do passeio, provoca a todos os transeuntes que por ali passam e, muito particularmente, às crianças mais inadvertidas como, de resto, ficou bem patente na, interessante, história que nos contou.

Assim sendo, parece-me não restarem outras alternativas que não sejam a de eliminar, por completo, a paragem dos autocarros - que é mais um ponto de vê-los passar, que não de parar… – ou, como tive oportunidade de sugerir no meu “post” anterior, reconverter aquele abrigo num lindíssimo aquário, para satisfação e gáudio de todos os Vendasnovenses, obra para a qual poderíamos vir a contar com a já habitual generosidade e disponibilidade dos eleitos da CDU, o que lhes viria a dar, por direito próprio e como é já, também, tradição, à colocação de mais uma placa com os seguintes dizeres: “ O aquário e os peixes que aqui nadam, são oferta dos camaradas eleitos pela CDU a esta cidade”.

Os peixinhos ficarão, eternamente, gratos (digo eu!) …

Anónimo disse...

Moral da história:
-O puto já tem idade para saber andar nos passeios da nossa cidade.
Que dirão os invisuais que têm mais uns obstáculos para se desviarem-os postes "ferros"- das iluminações do Natal.Não poderiam estar mais visíveis?
E para quando o rebaixamento dos passeios para que os deficientes em cadeiras de rodas possam circular!!!!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

Parabéns Pedro Madeira pela tua exibição.Continua que vais longe.

Anónimo disse...

Gostava de fazer uma experiência com uma cadeira de rodas.Onde é que ela sobe o passeio para passar junto à paragem dos autocarros?
Já agora sugeria para colocarem o seguinte nome à paragem :
-Paragem Ribeira do Moutal!!!!!

Já tem uma Ribeira e agora vai ter uma prenda de Natal diferente.

Anónimo disse...

Ainda a tempo:
_Dia 3 de Dezembro,- Dia Internacional das Pessoas com Deficiência- nas Notícias da SAPO.NET a pergunta do dia é a seguinte:
-No local onde mora há acessos para os Deficientes?
x-SIM
x-NÃO
Imagine o leitor qual foi a minha opção.

Anónimo disse...

A propósito do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência :
-Os passeios no cruzamento da Av.25 de Abril com a Praceta Benito Garcia são dignos de entrar para um Guiness Book .
.....Altura do lancil
.....Poste da EDP (dos Grandes)
.....Caixas da EDP
.....Placa com o nome da Praceta
comparados com a paragem do Moutal meus amigos só visto.
Já agora e a talhe de foice:
-para quando as passadeiras para peões,para quem queira atravessar a Av.25 de Abril em direcção ao Cemitério.Não estarão os acompanhantes dos funerais a infringir o Código da Estrada ?!!!
E esta hein!-como diria o falecido Fernando Peça.

Anónimo disse...

Obstáculos perigosos nos passeios da nossa Cidade.Vejam os cabos de aço que servem de espia aos postes dos Telefones:
-A 80 centímetros de altura,os cabos de aço têm um esticador dentado capaz de provocar ferimentos ao nível do rosto das pessoas.
O seu a seu dono,de quem é a responsabilidade???????????????????

Anónimo disse...

A (i)lógica da colocação da paragem de peões com alinhamento da sua face anterior com a face anterior do passeio, quando deveria ser, exactamente, o contrário - por acaso, até lá existe espaço, mais do que suficiente, para isso - , está em perfeita sintonia com muitas outras aberrações, das quais me permito destacar, apenas, algumas:

Árvores em várias ruas e avenidas, bem no centro dos passeios; candeeiros, de má iluminação, no eixo dos passeios; placas toponímicas e caixas da EDP por tudo o que é sítio; passeios rebaixados, nem vê-los; passadeiras de peões, poucas; iluminação, altamente deficiente; trânsito caótico, sinalização deficiente, parqueamento escasso e muito abaixo das necessidades.

Enfim, tudo, tendencialmente, mau e na mais perfeita agressão aos mais elementares direitos dos cidadãos e, muito particularmente, daqueles com incapacidade motora.

Muito honestamente, e sem qualquer conotação política à esquerda, direita ou ao centro, as deliberações nesta matéria, por quem de direito, deixam muito a desejar, e para além dos elevados transtornos que provocam aos munícipes, só poderão servir de exemplo de COMO NÃO DEVE SER FEITO o urbanismo de uma vila ou aldeia e, por maioria de razão, de uma cidade que, apesar de já o ser, tarda em se afirmar como tal.

Anónimo disse...

A propósito do Dia Internacional do Deficiente,gostei imenso das iniciativas levadas a cabo para comemorar este dia pelos partidos políticos da nossa cidade.Até que enfim que deram as mãos e fizeram coisa linda.

Anónimo disse...

Apelo ao amigo responsável pelo AL
para que faça o mesmo percurso entre a estação da REFER e a zona da Boavista,com o casal de invisuais que diàriamente fazem este percurso duas vezes quer chova quer faça sol.Eu pessoalmente admiro-os.Mas os obstaculos que enfrentam são imensos!........................

Anónimo disse...

Afinal a paragem dos autocarros não está assim a estorvar tanto como pensava.Experimentei e passei muito bem!Temos de passar por detrás mas que se passa bem passa-se.Sr Moutal há por aí coisas bem piores.

Anónimo disse...

Pois não estorva tanto como o anónimo das 20.48h pensava, mas se o dito abrigo estivesse recuado por forma a desimpedir o passeio, então é que não esturvava mesmo nada e era tudo tão simples.

Estou de acordo que há coisas bem piores, mas quando não se conseguem resolver as fáceis, então que esperar das mais difíceis...lá para as calendas Gregas estarão resolvidas...