A poesia de "Jodro" no Atribulações Locais
CONVERSANDO COM DEUS EM ABSTRACTO
Ó Deus! Agora que sózinhos aqui estamos
Conversemos sobre o mal e o bem
Que o Mundo, naturalmente contém,
E se disputa entre os humanos
Ó Deus! Diz-me porque é qu'a formação
Da Terra, que divinamente engendraste,
E os que por ela deambulam, nela estão,
Só de bem e amor não formaste!
Ó Deus! Porque é que está vocacionado
Para a violência, intriga, mesquinhez,
O Homem que se é por ti dominado!
Não lhe incutes na mente a sensatez!
Ó Deus! Porque é qu'as crianças, meigas, puras,
Que p'la sua inocência nem pecadoras são
Sofrem tantos reveses sem razão
E que não os sofreriam se mais lesto foras!
Ó Deus! Porque é qu'os de mais velha idade
São pelos mais novos preteridos
Em qualquer canto arrumados, esquecidos,
Depois de por eles privados da sua vontade!
Ó Deus! Porque é tanto desequilíbrio
Na Terra, nuns lados havendo muito pão,
Noutros, p'ra miséria nem sequer um grão,
Nuns fartura, noutros, fome sem alívio!
Ó Deus! Muito mais tinha para te dizer
Mas vou acabar rogando-te um favor
Elimina da Terra o ódio! Planta só amor!
E perdoa este meu atrevido proceder!
Ó Deus! Estive para ti a falar
E nem sequer uma vez me respondeste
E fico em mente a conjecturar
Que não m'escutaste ou não me entendeste!
João M. Grazina (Jodro)
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