Fecho das Urgências de Vendas Novas - 33
O Sr. Ministro da Saúde garantiu, esta terça-feira, que nenhum SAP será encerrado, mas sim alguns serviços nocturnos, o que vai permitir libertar vários médicos de família. Entretanto, a ANMP apresenta uma proposta de protocolo à tutela sobre a reformulação dos SAP.
A chamada "Reforma das Urgências" começou mal. E continua mal. Por mais equilibrados que pudessem ser os objectivos dessa reforma, e em alguns aspectos isso acontecia, a verdade é que a estratégia utilizada foi, no meu entendimento, algo desastrada. No caso de Vendas Novas, já todos percebemos as razões pelas quais se verificou a desqualificação do SUB que lhe estava inicialmente atribuído, e já muito aqui se escreveu sobre isso, pelo que agora não irei debruçar-me sobre esse aspecto em particular.
Há, no entanto, um ponto que considero especialmente importante para o surgimento de todo este imbróglio em torno das urgências: a forma como as alterações a implementar e os objectivos pretendidos (não) foram transmitidos. Ou seja, os erros grosseiros praticados na divulgação e no esclarecimento das populações afectadas. Vejo nesta questão indícios de aparente amadorismo, dificilmente justificável, na estratégia de comunicação utilizada.
De facto, só isso poderá justificar que, em face do descontentamento das populações, o Ministério/Ministro da Saúde se tenha visto na necessidade de voltar atrás nas suas intenções iniciais, designadamente com a assinatura de diversos protocolos, que na verdade não inicialmente não previstos (ao contrário do que chegou a ser difundido) com determinados municípios que se dispuseram a aceitar umas regras algo insólitas para o funcionamento daqueles serviços de saúde.
Em consequência, já por diversas ocasiões verificámos alterações repentinas e algo inesperadas nas intenções tornadas públicas. Foi, aqui perto de nós, o caso do Montijo. Tal como em Chaves, presumivelmente Vouzela (de acordo com palavras recentes de um seu autarca), e alguns outros que agora não recordo.
Mas é também o caso das declarações hoje proferidas pelo Sr. Ministro, que me parecem de facto extraordinárias, vindas de um governante senhor de tantas certezas: (em declarações à TSF, que pode ler e ouvir aqui)
"... O Ministro da Saúde garantiu, esta terça-feira, que nenhum Serviços de Atendimento Permanente (SAP) vai ser encerrado, mas sim os serviços nocturnos que atendem poucos utentes,..."
"... O ministro reiterou ainda que os 70 serviços nocturnos só vão fechar quando existirem «meios alternativos montados» para a população nesses locais e os encerramentos estiverem «em consonância com os municípios»...."
"... O titular da pasta da Saúde destacou ainda que as decisões nos casos dos SAP e das urgências hospitalares vão ser sempre tomadas em articulação com as câmaras municipais."
É caso para perguntar, se não teria sido preferível que estes "esclarecimentos" tivessem sido dados pelo Sr. Ministro ainda antes de ter dado início a todo este imbróglio, que só tem feito desperdiçar energias, acumular frustrações e aumentar a já de si muito débil credibilidade em relação a alguns dos nossos governantes?
A chamada "Reforma das Urgências" começou mal. E continua mal. Por mais equilibrados que pudessem ser os objectivos dessa reforma, e em alguns aspectos isso acontecia, a verdade é que a estratégia utilizada foi, no meu entendimento, algo desastrada. No caso de Vendas Novas, já todos percebemos as razões pelas quais se verificou a desqualificação do SUB que lhe estava inicialmente atribuído, e já muito aqui se escreveu sobre isso, pelo que agora não irei debruçar-me sobre esse aspecto em particular.
Há, no entanto, um ponto que considero especialmente importante para o surgimento de todo este imbróglio em torno das urgências: a forma como as alterações a implementar e os objectivos pretendidos (não) foram transmitidos. Ou seja, os erros grosseiros praticados na divulgação e no esclarecimento das populações afectadas. Vejo nesta questão indícios de aparente amadorismo, dificilmente justificável, na estratégia de comunicação utilizada.
De facto, só isso poderá justificar que, em face do descontentamento das populações, o Ministério/Ministro da Saúde se tenha visto na necessidade de voltar atrás nas suas intenções iniciais, designadamente com a assinatura de diversos protocolos, que na verdade não inicialmente não previstos (ao contrário do que chegou a ser difundido) com determinados municípios que se dispuseram a aceitar umas regras algo insólitas para o funcionamento daqueles serviços de saúde.
Em consequência, já por diversas ocasiões verificámos alterações repentinas e algo inesperadas nas intenções tornadas públicas. Foi, aqui perto de nós, o caso do Montijo. Tal como em Chaves, presumivelmente Vouzela (de acordo com palavras recentes de um seu autarca), e alguns outros que agora não recordo.
Mas é também o caso das declarações hoje proferidas pelo Sr. Ministro, que me parecem de facto extraordinárias, vindas de um governante senhor de tantas certezas: (em declarações à TSF, que pode ler e ouvir aqui)
"... O Ministro da Saúde garantiu, esta terça-feira, que nenhum Serviços de Atendimento Permanente (SAP) vai ser encerrado, mas sim os serviços nocturnos que atendem poucos utentes,..."
"... O ministro reiterou ainda que os 70 serviços nocturnos só vão fechar quando existirem «meios alternativos montados» para a população nesses locais e os encerramentos estiverem «em consonância com os municípios»...."
"... O titular da pasta da Saúde destacou ainda que as decisões nos casos dos SAP e das urgências hospitalares vão ser sempre tomadas em articulação com as câmaras municipais."
É caso para perguntar, se não teria sido preferível que estes "esclarecimentos" tivessem sido dados pelo Sr. Ministro ainda antes de ter dado início a todo este imbróglio, que só tem feito desperdiçar energias, acumular frustrações e aumentar a já de si muito débil credibilidade em relação a alguns dos nossos governantes?
Actualização ás 21.10h: link1, link2, link3, link4
4 comentários:
este ministro é um brincalhão.
“Quando milhares de trabalhadores são empurrados para o desemprego e centenas de milhares não conseguem empregar-se, estamos a falar de pessoas, a carregar o desespero, a desesperança, a transportar uma autêntica bomba atómica, prestes a estourar em suas cabeças. Não é brincadeira, não. São terríveis dramas sociais de famílias inteiras a quem é roubada a dignidade, o sonho.
Quando se fecha a escola, a maternidade, o posto da polícia, quando encerra uma urgência médica, é o abandono, o desprezo, a desconsideração, a insegurança, que se oferece às populações.
Quando a educação, a saúde, a justiça, a habitação, o emprego, a protecção social, trinta e dois anos depois da grande esperança do 25 de Abril, é um fracasso e o que se vislumbra é mais corrupção, mais desigualdade, mais injustiça social, mais pobreza, mais oportunismo, quando escasseiam as perspectivas, é o desconforto, a desilusão, a revolta que assentam arrais em força.
Quando se esperava uns novos tempos de modernidade, de mais qualidade de vida, uma sociedade mais calma, justa, solidária, um mundo sem fronteiras, uni nacionais, de homens e mulheres iguais na diversidade, uma “aldeia global” de povos e culturas, o capitalismo, o imperialismo e seus comparsas, ambicionam mais poder, domínio, mais dinheiro e o povo que se lixe. Definitivamente a luta de classes não é um dogma é uma realidade incontornável.”
Fernando
Pois é:
-Caíram impérios;
-Desapareceram civilizações;
-Algumas ditaduras foram efémeras bem como algumas monarquias;
-As democracias não são eternas pois os partidos políticos acabam por destruí-las o que significa que o ministro da saúde tem os dias contados.
Esperemos para ver.
"Serviços de Saúde estão cada vez piores, menos acessíveis e mais caros
Quando o que se impunha e continua a impor-se para a área da Saúde era, e é, dotar o Serviço Nacional de Saúde (SNS) das condições e meios humanos, técnicos e outros necessários à melhoria da qualidade dos cuidados de saúde, os sucessivos Governos têm antes optado por tomarem decisões políticas erradas que põem em causa não só o próprio funcionamento do Serviço Nacional de Saúde como também os direitos dos utentes e dos profissionais do sector.
A defesa do Serviço Nacional de Saúde universal, geral e gratuito constitui-se como um dos objectivos fundamentais da actividade do Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP).
Porque defendemos estes princípios somos contra as decisões tomadas pelos Governos para a área da saúde, decisões que põem em causa tais princípios devido à criação das taxas moderadoras e dos seus sucessivos aumentos, á criação das novas taxas de internamento e tratamento hospitalar ambulatório, ao pagamento de cuidados de saúde que até há pouco tempo não eram pagos, à redução da comparticipação financeira do Governo nos medicamentos, ao encerramento de Hospitais, Maternidades, extensões dos Centros de Saúde, Serviços Urgência e Serviços de Atendimento Permanente.
Não satisfeito ainda com tais decisões e medidas aplicadas que mais não visam do que a total privatização dos Serviços de Saúde com os prejuízos que daí advêm para os utentes e profissionais do sector, prepara-se o Governo para com base num recente estudo feito à medida das suas pretensões pôr os utentes a pagar parte significativa do valor dos cuidados de saúde prestados.
Estas mesmas decisões políticas e os seus responsáveis são ainda causadoras para além do que referimos, de haver ao nível do país mais de um milhão de cidadãos sem médico de família e de cerca de 230 mil que esperam há muitos meses, alguns há mais de um ano, por uma intervenção cirúrgica (leia-se operação).
Porque o que está a ser posto em causa é o Serviço Nacional de Saúde tal como o defendemos e os utentes reclamam, o Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) manifesta o seu total apoio e solidariedade às muitas e importantes acções e iniciativas que por todo o país as Comissões e Utentes têm realizado em defesa dos Serviços de Saúde contra as decisões do Governo, luta que é necessária ser continuada para defesa dos direitos dos utentes."
Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos
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