sexta-feira, 7 de julho de 2006

A propósito de um livro


No passado mês de Maio foi apresentado no Auditório Municipal o 1º volume da obra intitulada - Rumo ao Futuro – Vendas Novas a caminho da liberdade, da autoria (concepção, investigação e textos) de Filipe Jorge Chinita.

Não estive presente na sessão de lançamento, não sabia da mesma, vim posteriormente a saber que foi pública.

Li uma primeira notícia deste lançamento, aqui no Atribulações, e procurei saber mais sobre o livro, que entretanto me chegou às mãos por empréstimo de pessoa amiga.

Li e devolvi ao seu dono, e vi que na ficha técnica não consta o nome do editor.

Já estava quase esquecido do assunto quando li num dos blogues de Vendas Novas, “naesquina”, o seguinte texto, que com a devida vénia transcrevo:

«ASSEMBLEIA MUNICIPAL dia 20/06/06 … a intervenção de uma deputada municipal da C"D"U acusando os eleitos das outras forças de "não gostarem de Vendas Novas porque não estiveram presentes no lançamento do livro "Rumo ao Futuro" (editado/pago pela Câmara Municipal e que mais não é do que propaganda ao Partido Comunista em Vendas Novas conforme se conclue após respectiva leitura).»

Também estive presente na referida assembleia, e achei um pouco descabida a observação feita aos membros da oposição porque não acredito que algum deles “não goste de Vendas Novas”.

Vamos agora recuar catorze anos.

Em Janeiro de 1992, era Presidente da Câmara Municipal o Dr. Teresa Ribeiro, foi feita a apresentação pública e lançamento da obra intitulada – VENDAS NOVAS - HISTÓRIA E PATRIMÓNIO- do Professor Borges Coelho e Gustavo Marques com edição da Câmara Municipal de Vendas Novas.

Conheci e colaborei com os autores, particularmente com Gustavo Marques, que acompanhei algum tempo, e com o Prof. Borges de Carvalho aprendi um pouco sobre como se trabalha em pesquisa histórica.

No que concerne à história de V.N. desde as suas origens até à actualidade, em minha opinião, nada veio acrescentar o autor de “Rumo ao futuro”, ao que foi escrito por Borges de Carvalho.
Embora Jorge Chinita refira esta obra na bibliografia consultada, estranhamente ninguém a parece conhecer, porque ninguém em qualquer dos comentários que li, a refere, ficando o leitor menos atento a pensar que nada tinha sido escrito do antecedente.

O autor apresenta o livro duma forma que facilita a leitura e a sua consulta, mas de substancial, nada de novo.

Considero que a obra de Borges de Carvalho e Gustavo Marques me merece maior credibilidade, pelos seus trabalhos na pesquisa histórica editados, e particularmente o Prof. Borges de Carvalho, um dos mais laureados historiadores e professor universitário com um curriculum académico invejável.

(Ambos são militantes do PCP e pagaram cara a sua militância nos tempos da ditadura.)

Considero menos credível “Rumo ao futuro”, porque me parece haver uma colagem politica e ideológica, que o autor subtilmente vai colando á história recente de Vendas Novas, particularmente nas três / quatro décadas anteriores a Abril de 1974.

As consultas e transcrição da imprensa, clandestina (ou oficial), sem outro recorte documental, ensinou-me o Professor Borges de Carvalho, não é fazer história.

Este modo de reescrever a história vem sendo utilizada por todos os partidos políticos nas suas áreas de influência, não é apenas prática do partido A ou B, infelizmente é prática comum a todos.

E agora um pequeno aparte: diz o autor a determinado passo do texto “Pena que Saramago não se tenha, também, interessado por este memorial…
Não concordo, Saramago dedica algumas páginas do seu Memorial do Convento (de Mafra) a descrever a passagem do rei D. João V e da rainha Dª Maria Ana e Infanta Maria Bárbara, por Vendas Novas, até descreve a obra de construção do Palácio das Passagens pelo relato feito pelo fidalgo amigo a João Elvas, e o verdadeiro temporal de água que se abateu sobre a comitiva, atascando carros e carretas, de tal modo que foi preciso mobilizar homens e animais para libertar toda aquela gente da lama.
Salvaguardadas as devidas proporções dos edifícios, o nosso palácio não ficou a perder, e Vendas Novas também não, não tirou ainda “partido” desta publicidade e notoriedade que o nosso Nobel lhe proporcionou.

Gostaria agora que os leitores lessem as duas obras, que as comparem, e depois as ajuízem.
Esta é apenas a minha opinião.
Mourato Talhinhas (MouTal)

13 comentários:

João Fialho disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Sempre acreditei que em Vendas Novas existiria massa critica.

A prova é a blogosfera e particularmente entusiastas como estes dois vendasnovenses : Alentejodive e Moutal - entre outros - a quem saudo pelo seu empenhamento civico e verticalidade intelectual, embora salutarmente não concorde com todas as suas opiniões.

A blogosfera , devagar , devagarinho constituirá um instrumento/ espaço de opinião e de participação que estou convencido permitirá ,com tempo , contribuir para uma mudança local .

Anónimo disse...

Amigo Moutal
Parabéns pela sua opinião, pela sua frontalidade, mas permitirá que não concorde consigo.
Concordo sim com o nosso amigo alentejodive.
Democracia é isto,o direito de cada um manifestar a sua opinião.

João Fialho disse...

Como me enganei numa passagem do meu comentário (troquei "segunda" com "primeira" na última parte de um dos parágrafos - o penúltimo), vou emendar o erro e reformular o que penso sobre estas duas obras. Tudo fica igual, excepto naquele penúltimo parágrafo. Peço desculpa se induzi alguém em erro sobre a minha opinião.

"Tive acesso ás 2 obras de que fala o amigo Moutal.

A primeira ("Rumo ao Futuro..."), porque estive na apresentação da obra, no Auditório, e adquiri lá um exemplar. A segunda, através do empréstimo de pessoa amiga.

Li as 2 obras (esta última do Prof. Borges de Carvalho, ainda não li a totalidade, mas quase), e posso fazer uma comparação, que se resume ao seguinte: ambas as obras têm o seu mérito e o seu valor. Mas são bem diferentes.

A segunda é uma obra de carácter histórico. A primeira é uma obra de carácter marcadamente político.

A segunda retrata Vendas Novas. A primeira, retrata Vendas Novas, mas essencialmente do ponto de vista do Partido Comunista. Não só, mas essencialmente.

A segunda é uma obra literária de carácter histórico. A primeira é uma obra literária de carácter histórico, mas também político, que privilegia exageradamente um determinado ponto de vista.

Da segunda, gostei. Da primeira, também. A segunda (de 1992), apreciei e senti-me bem na sua leitura. A primeira (de 2006), apreciei por motivos diferentes. Porque me lembrou o que é uma "obra literária de regime".

Assim que estiver editada, irei adquirir a segunda parte deste "Rumo ao futuro...". Se for como esta primeira parte, sei que também irei apreciar ...".

Anónimo disse...

Cambada de pseudo-intelectuais ; a Câmara pagou os dois livros e queriam que os livros disseem mal da Câmra ? cambada de palhaços ! o que vocês têm é dor de corno

Anónimo disse...

É assim mesmo camarada, isso é que é falar.
Nós precisamos no Partido é de gente inteligente como o camarada.
Passe pelo nosso Centro de Trabalho e preencha a fixa de inscrição, talvez o camarada venha a substituir o Zé Serralha nas próximas eleições.
Jerónimo Geronte de Sousa
Secretário Geral

Anónimo disse...

Continuo a dizer, só publicam o que vos interessa...cade as noites de verão????

Anónimo disse...

Em primeiro lugar parece-me profundamente interessante a opinião de alguns anónimos especialistas em fazerem-se passar por aquilo que não são. Os seus comentários produzidos à medida das respostas que se querem são deliciosamente naifs.

Em segundo lugar, sobre o post gostaria de dizer o seguinte, em Vendas Novas dá-se um fenómeno muito estranho: o alheamento por parte dos eleitos da oposição da maioria das iniciativas levadas a cabo pela autarquia (da qual fazem parte dos órgãos - Câmara ou Assembleia).
Talvez dai a ideia, pouco simpática para os visados, de que dizendo constantemente que amam Vendas Novas poucas vezes revelam esse amor.
Ser eleito não é ou não devia ser participar numa reunião de tanto em tanto tempo - para levantar o braço (como os prórpios dizem).
Independentemente da cor política, de serem da oposição ou da maioria, um eleito deve viver a vida do seu concelho, participar nas iniciativas.

Talvez esta seja uma ideia errada de ver a participação nos órgãos do poder local (mas é a minha).
Talvez por isso não tenham respondido a essa intervenção.

Quanto aos livros em questão, tenho e li os dois, estamos a falar de obras diferentes com abordagens distintas, com objectivos e públicos distintos.
Não podemos comparar aquilo que não pretende nem pode ser comparável.

Em relação ao segundo livro e às acusações de que é alvo, no sentido de o conotar com uma «obra do regime» ou com propagando do PCP em Vendas Novas, só me é possível dizer que estou plenamente em desacordo e que não foi essa a análise que surgiu da minha leitura.
O livro, com uma leitura fácil e acessível, dá conta da história deste concelho, refere alguns dos marcos mais importantes e acrescenta-lhe uma contextualização com o que se passava no resto da região, no País e no Mundo.
Falar do Século XX em Vendas Novas sem referir as lutas dos trabalhadores rurais é omitir parte essencial da nossa história, se referir as condições de vida e de trabalho das populações é esconder a realidade, sem referir a oposição à ditadura é mistificar a história.

Claro que para muitos isto é propaganda ao PCP e a «objectividade histórica» passaria por negar e omitir esses elementos da nossa história colectiva.

Definitivamente espero o II volume: para ver se o autor acolhe as criticas e, por exemplo, para falar do 25 de Abril até aos nossos dias, esconde o trabalho e a importância do poder local democrático para o nosso concelho (porque estiveram e estão lá os tais comunistas).

A História não se apaga e Vendas Novas foi feita pelo seu povo, pelas suas gentes e pelas suas lutas e o facto de comunistas terem estado nessas lutas não lhes diminui importância e relevo histórico.
Relatar tais factos, ainda que em forma de crónica, não constitui propaganda, mas a verificação de uma realidade - o Povo de Vendas Novas lutou e construiu o seu próprio futuro.

Anónimo disse...

OH Casimiro ! assume-te homem !! diz a verdade :

OS ELEITOS DA OPOSIÇÃO DETESTAM VENDAS NOVAS!
Então não é certo e sabido que só os eleitos da CDU é que gostam de Vendas Novas ?

Anónimo disse...

É verdade sim senhor ! esta gente da oposição não gosta de Vendas Novas . Não sabem dar valor a estes homens da CDU , os sacrificios que eles fazem em prol do Concelho ; as ideias ; as noites em branco a pensar a pensar só no bem de Vendas Novas. O presidente da Junta de Freguesia , p.ex. o que esse homem não tem sofrido com esta situação da junta , desejoso de voltar a trabalhar na Fàbrica !. E o Presidente , sim o Sr. Presidente que tudo sacrificou para se disponibilizar a ser Presidente da Câmara de Vendas Novas por pedido expresso de milhares de Vendasnovenses , sim MILHARES!
O quanto não lhe devia custar deixar de fazer aqueles plenários , organizar manifestações . Criar aqueles projectos no GIADES da Câmara . O quanto ele gostava de ser vice-presidente pela enorme consideração intelectual pelo Presidente anterior, hoje com enorme sacrificio ,Presidente da Assembleia Municipal e dos Bombeiros .
E aqueles eleitos na Assembleia de Freguesia e Municipal , que para além de trabalharem na Câmara se sacrificam desinteressadamente a discutir e ter a feliciddae de participar e levantar o braço para votar favoravelmente nas propostas para Vendas Novas , ou contra quando esses bandidos e frustados da oposição ( que só querem o mal de Vendas Novas)
vêm com ideias só para chatear....

Anónimo disse...

Continua a existir muita dificuldade na leitura...

Anónimo disse...

...e pior no entendimento daquilo que se lê.

Anónimo disse...

OH Casimiro , assume-te homem ! diz em voz alta aquilo que pensas! ès o MAIS ESCLARECIDO DE TODOS !