À conversa .... com o Dr. José Manuel Ennes Ferreira
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Há pessoas que não nos cansamos de ouvir. O que rapidamente se transforma num prazer. Cativam-nos pela simplicidade e pela sua expressiva amabilidade. Pela paixão que transmitem a cada palavra, ouvida com a maior atenção. Cada frase é uma lição, apetece-nos ficar ali, simplesmente a ouvir, a beber a história em directo, a ver passar à nossa frente cada acontecimento, relatado como se estivesse ali naquele preciso momento, a acontecer perante os nossos olhos. Há pessoas que apetece ouvir, que vale a pena escutar, que agradecemos poder conhecer. O Dr. Ennes Ferreira é um desses casos.
E quando o tema é a História, então vale mesmo a pena ouvir este amigo de Vendas Novas. Que nos fala da sua terra com enorme paixão e pela qual sente uma gratidão imensa, tal como nos confidenciou. Foi com enorme prazer que na passada sexta-feira, dia 18 de Agosto, dois colaboradores do “Atribulações Locais” se deslocaram à Santa Casa de Misericórdia de Vendas Novas para, durante cerca de uma hora, regressarem ao passado e reviverem um pouco a História de Vendas Novas, contada na primeira pessoa por quem a viveu de perto e por quem teve, reconhecidamente, um papel fundamental na promoção e desenvolvimento da sua terra.
O DR. ENNES FERREIRA, SOBRE ELE PRÓPRIO
Actualmente com 88 anos de idade, considera-se um Vendasnovense, pois apesar de ter nascido em Lisboa, veio para Vendas Novas com apenas 3 anos de idade. O seu pai era Médico Militar e com o fim da Grande Guerra (1914-1918) foi mobilizado para a Escola Prática de Artilharia, passando a adoptar esta terra como sua. Aqui nasceram mais 3 irmãos num total de 5, sendo o Dr. Ennes Ferreira o mais velho: “Toda a família criou um sentimento de gratidão para com Vendas Novas” – diz-nos.
Nos primeiros anos frequentou a escola da D.ª Maria Magalhães, uma senhora que a titulo particular ensinava os miúdos da época e os preparava para a instrução primária, nomeadamente, a ler e escrever. O Dr. Ennes Ferreira nutre por esta senhora uma enorme consideração e estima que, segundo ele, foi uma grande senhora.
Aos 7 anos, começou a instrução primária na Escola Régia, "também conhecida por Escola dos Reis, mas isso era uma deturpação do nome". Como o próprio nos explicou, designava-se Escola Régia porque vinha do tempo da monarquia, motivo pelo qual também era conhecida por “Escola dos Reis”. Trata-se do edifício onde ainda hoje funciona uma Escola Primária, junto à Casa do Povo. Mais tarde, frequentou o Colégio Militar em Lisboa, onde terminou o liceu.
Pese embora a sua avançada idade, é notória a boa capacidade de argumentação, tendo demonstrando uma muito boa desenvoltura ao nível da comunicação, o que se traduziu numa fácil empatia durante toda a nossa conversa. Falou-nos, por diversas vezes, da família e dos princípios da amizade “Não faças aos outros o que não gostavas que te fizessem a ti” – diz-nos que é a sua base para o bom relacionamento com as pessoas. “Durante toda a vida tentei fazer amigos com as pessoas que contactei, tanto em Vendas Novas como em Montemor-o-Novo, onde tenho grandes amigos".
“Na minha vida, trabalhei, trabalhei, trabalhei … mas isso não me cansava. Canso-me mais agora que estou sozinho, pois nunca fui uma pessoa solitária. Tenho vários sobrinhos e agora nestes 15 dias de férias que não os tenho visto, faz-me diferença! Tenho uma família grande e gosto imenso de toda a minha família. De todos eles. Todos.”
SOBRE A CRIAÇÃO DO CONCELHO DE VENDAS NOVAS
“Tenho uma enorme gratidão para com Vendas Novas, pois deu-me a possibilidade de promover uma terra”.
Vendas Novas era na altura uma freguesia de Montemor-o-Novo, “a freguesia mais miserável e menos desenvolvida do concelho” – conta-nos. Várias tentativas de constituir o concelho esbarravam nas influências que algumas entidades montemorenses tinham junto do governo central.
“Os anos foram passando e as tentativas de formar o concelho de Vendas Novas foram-se sucedendo, até que as pessoas que andavam a tratar do assunto falaram comigo. Na altura, eu trabalhava na Presidência do Conselho de Ministros, mais tarde exerci o cargo de Inspector-Geral das Actividades Económicas, e tinha por isso acesso directo ao Presidente do Conselho, Dr. Oliveira Salazar. Decidi que tinha a obrigação de ajudar, pois tratava-se da minha terra”.
Tudo isto nos é contado com uma determinação e clareza como se estivesse a viver o momento, a reviver aqueles instantes. Nessa fase, Montemor-o-Novo toma umas atitudes que o aborreceram. Entre elas “um artigo que fizeram a desancar-me”. Decidiu então: “Quem vai tratar disto sou eu, falei com o Ministro do Interior e apenas três meses mais tarde saiu o Decreto-Lei a reconhecer Vendas Novas como Concelho” – confidencia-nos com uma emoção que não engana sobre a sua paixão por esta terra. Estávamos a 7 de Setembro de 1962. Após a criação do concelho, o Dr. Ennes Ferreira foi o primeiro Presidente da Câmara Municipal de Vendas Novas, cargo que exerceu durante 2 mandatos consecutivos de 4 anos.
Por esse tempo, Vendas Novas deixa de ser a freguesia mais pobre e com maiores dificuldades do concelho de Montemor, passando a ser “o melhor concelho do Distrito de Évora”, diz-nos com evidente orgulho na sua contribuição, “ultrapassando mesmo o concelho a que antes pertencera”. Para isso, e mais uma vez, o papel do Dr. Ennes Ferreira foi preponderante. É ele que cria condições e traz para Vendas Novas uma série de indústrias, designadamente de cortiças e de vestuário, possibilitando a criação de muitos novos postos de trabalho. O novo concelho começou então a atrair pessoas das aldeias vizinhas e de outras terras, que aqui encontravam melhores condições. Como o próprio nos disse: “Vendas Novas não tinha população suficiente para os postos de trabalho entretanto criados, então começaram a chegar pessoas das aldeias vizinhas e de outros sítios para aqui se fixarem. Deu-se um crescimento significativo e a população quase duplicou”.
A ACTUALIDADE, COMO A VÊ O DR. ENNES FERREIRA
Já perto do fim deste breve encontro, o nosso amável anfitrião falou-nos da actualidade e de como vê Vendas Novas nos dias de hoje. “Vendas Novas em particular não me preocupa assim tanto como o próprio país. Vendas Novas está a seguir o seu caminho como todas as terras, o que me preocupa é o país e a actual falta de rumo. Não interessa se somos deste ou daquele partido, não é o povo que tem culpa. Não temos é tido sorte com quem tem comandado o país”. Ainda sobre este tema, defende que “temos de fazer sempre o melhor pelo nosso país”.
Já sobre questões de política internacional, frisou, sobre uma das questões que fazem parte das suas preocupações: “esta situação no Líbano preocupa-me, estamos a metermo-nos em guerras alheias, não temos autoridade para isso”. A propósito da actual geração dos mais novos, tem a opinião que “os mais novos não me conhecem, pois vivem a história do seu próprio tempo, o que é normal, foi assim também no meu tempo. Os mais antigos, sim, porque viram os benefícios da criação do concelho.”
Com o aproximar do fim desta breve mas elucidativa e entusiasmante conversa, quase nem nos apercebemos do tempo passar. Ao longo de pouco mais de uma hora, tivemos o prazer de assistir na primeira pessoa, à descrição apaixonada de uma importante parcela da história de Vendas Novas.
Sempre com bom poder comunicativo, o Dr. Ennes Ferreira falou-nos da sua vida, do passado e do presente de Vendas Novas. Sobre o país, manifesta-se preocupado com a actual situação, essencialmente por aquilo que referiu como sendo “uma falta de rumo”. Notámos, em toda a conversa, uma enorme dedicação e amor à sua família, a Vendas Novas e aos amigos. Aos seus muitos amigos. Falou-nos igualmente com preocupação do actual momento na política internacional, num discurso ponderado e bem fundamentado. Evidenciou por diversas vezes o amor que sente por Vendas Novas e o sentimento de gratidão, que ele e a sua família têm por esta terra. A sua terra.
Como dissemos, foi um enorme prazer partilhar estes momentos com o Dr. Ennes Ferreira. Estamos-lhe, também por isso, sinceramente agradecidos. Bem haja, caro amigo.
Marco Alves e João Fialho
E quando o tema é a História, então vale mesmo a pena ouvir este amigo de Vendas Novas. Que nos fala da sua terra com enorme paixão e pela qual sente uma gratidão imensa, tal como nos confidenciou. Foi com enorme prazer que na passada sexta-feira, dia 18 de Agosto, dois colaboradores do “Atribulações Locais” se deslocaram à Santa Casa de Misericórdia de Vendas Novas para, durante cerca de uma hora, regressarem ao passado e reviverem um pouco a História de Vendas Novas, contada na primeira pessoa por quem a viveu de perto e por quem teve, reconhecidamente, um papel fundamental na promoção e desenvolvimento da sua terra.
O DR. ENNES FERREIRA, SOBRE ELE PRÓPRIO
Actualmente com 88 anos de idade, considera-se um Vendasnovense, pois apesar de ter nascido em Lisboa, veio para Vendas Novas com apenas 3 anos de idade. O seu pai era Médico Militar e com o fim da Grande Guerra (1914-1918) foi mobilizado para a Escola Prática de Artilharia, passando a adoptar esta terra como sua. Aqui nasceram mais 3 irmãos num total de 5, sendo o Dr. Ennes Ferreira o mais velho: “Toda a família criou um sentimento de gratidão para com Vendas Novas” – diz-nos.
Nos primeiros anos frequentou a escola da D.ª Maria Magalhães, uma senhora que a titulo particular ensinava os miúdos da época e os preparava para a instrução primária, nomeadamente, a ler e escrever. O Dr. Ennes Ferreira nutre por esta senhora uma enorme consideração e estima que, segundo ele, foi uma grande senhora.
Aos 7 anos, começou a instrução primária na Escola Régia, "também conhecida por Escola dos Reis, mas isso era uma deturpação do nome". Como o próprio nos explicou, designava-se Escola Régia porque vinha do tempo da monarquia, motivo pelo qual também era conhecida por “Escola dos Reis”. Trata-se do edifício onde ainda hoje funciona uma Escola Primária, junto à Casa do Povo. Mais tarde, frequentou o Colégio Militar em Lisboa, onde terminou o liceu.
Pese embora a sua avançada idade, é notória a boa capacidade de argumentação, tendo demonstrando uma muito boa desenvoltura ao nível da comunicação, o que se traduziu numa fácil empatia durante toda a nossa conversa. Falou-nos, por diversas vezes, da família e dos princípios da amizade “Não faças aos outros o que não gostavas que te fizessem a ti” – diz-nos que é a sua base para o bom relacionamento com as pessoas. “Durante toda a vida tentei fazer amigos com as pessoas que contactei, tanto em Vendas Novas como em Montemor-o-Novo, onde tenho grandes amigos".
“Na minha vida, trabalhei, trabalhei, trabalhei … mas isso não me cansava. Canso-me mais agora que estou sozinho, pois nunca fui uma pessoa solitária. Tenho vários sobrinhos e agora nestes 15 dias de férias que não os tenho visto, faz-me diferença! Tenho uma família grande e gosto imenso de toda a minha família. De todos eles. Todos.”
SOBRE A CRIAÇÃO DO CONCELHO DE VENDAS NOVAS
“Tenho uma enorme gratidão para com Vendas Novas, pois deu-me a possibilidade de promover uma terra”.
Vendas Novas era na altura uma freguesia de Montemor-o-Novo, “a freguesia mais miserável e menos desenvolvida do concelho” – conta-nos. Várias tentativas de constituir o concelho esbarravam nas influências que algumas entidades montemorenses tinham junto do governo central.
“Os anos foram passando e as tentativas de formar o concelho de Vendas Novas foram-se sucedendo, até que as pessoas que andavam a tratar do assunto falaram comigo. Na altura, eu trabalhava na Presidência do Conselho de Ministros, mais tarde exerci o cargo de Inspector-Geral das Actividades Económicas, e tinha por isso acesso directo ao Presidente do Conselho, Dr. Oliveira Salazar. Decidi que tinha a obrigação de ajudar, pois tratava-se da minha terra”.
Tudo isto nos é contado com uma determinação e clareza como se estivesse a viver o momento, a reviver aqueles instantes. Nessa fase, Montemor-o-Novo toma umas atitudes que o aborreceram. Entre elas “um artigo que fizeram a desancar-me”. Decidiu então: “Quem vai tratar disto sou eu, falei com o Ministro do Interior e apenas três meses mais tarde saiu o Decreto-Lei a reconhecer Vendas Novas como Concelho” – confidencia-nos com uma emoção que não engana sobre a sua paixão por esta terra. Estávamos a 7 de Setembro de 1962. Após a criação do concelho, o Dr. Ennes Ferreira foi o primeiro Presidente da Câmara Municipal de Vendas Novas, cargo que exerceu durante 2 mandatos consecutivos de 4 anos.
Por esse tempo, Vendas Novas deixa de ser a freguesia mais pobre e com maiores dificuldades do concelho de Montemor, passando a ser “o melhor concelho do Distrito de Évora”, diz-nos com evidente orgulho na sua contribuição, “ultrapassando mesmo o concelho a que antes pertencera”. Para isso, e mais uma vez, o papel do Dr. Ennes Ferreira foi preponderante. É ele que cria condições e traz para Vendas Novas uma série de indústrias, designadamente de cortiças e de vestuário, possibilitando a criação de muitos novos postos de trabalho. O novo concelho começou então a atrair pessoas das aldeias vizinhas e de outras terras, que aqui encontravam melhores condições. Como o próprio nos disse: “Vendas Novas não tinha população suficiente para os postos de trabalho entretanto criados, então começaram a chegar pessoas das aldeias vizinhas e de outros sítios para aqui se fixarem. Deu-se um crescimento significativo e a população quase duplicou”.
A ACTUALIDADE, COMO A VÊ O DR. ENNES FERREIRA
Já perto do fim deste breve encontro, o nosso amável anfitrião falou-nos da actualidade e de como vê Vendas Novas nos dias de hoje. “Vendas Novas em particular não me preocupa assim tanto como o próprio país. Vendas Novas está a seguir o seu caminho como todas as terras, o que me preocupa é o país e a actual falta de rumo. Não interessa se somos deste ou daquele partido, não é o povo que tem culpa. Não temos é tido sorte com quem tem comandado o país”. Ainda sobre este tema, defende que “temos de fazer sempre o melhor pelo nosso país”.
Já sobre questões de política internacional, frisou, sobre uma das questões que fazem parte das suas preocupações: “esta situação no Líbano preocupa-me, estamos a metermo-nos em guerras alheias, não temos autoridade para isso”. A propósito da actual geração dos mais novos, tem a opinião que “os mais novos não me conhecem, pois vivem a história do seu próprio tempo, o que é normal, foi assim também no meu tempo. Os mais antigos, sim, porque viram os benefícios da criação do concelho.”
Com o aproximar do fim desta breve mas elucidativa e entusiasmante conversa, quase nem nos apercebemos do tempo passar. Ao longo de pouco mais de uma hora, tivemos o prazer de assistir na primeira pessoa, à descrição apaixonada de uma importante parcela da história de Vendas Novas.
Sempre com bom poder comunicativo, o Dr. Ennes Ferreira falou-nos da sua vida, do passado e do presente de Vendas Novas. Sobre o país, manifesta-se preocupado com a actual situação, essencialmente por aquilo que referiu como sendo “uma falta de rumo”. Notámos, em toda a conversa, uma enorme dedicação e amor à sua família, a Vendas Novas e aos amigos. Aos seus muitos amigos. Falou-nos igualmente com preocupação do actual momento na política internacional, num discurso ponderado e bem fundamentado. Evidenciou por diversas vezes o amor que sente por Vendas Novas e o sentimento de gratidão, que ele e a sua família têm por esta terra. A sua terra.
Como dissemos, foi um enorme prazer partilhar estes momentos com o Dr. Ennes Ferreira. Estamos-lhe, também por isso, sinceramente agradecidos. Bem haja, caro amigo.
Marco Alves e João Fialho
13 comentários:
Parabéns Marco Alves e João Fialho pela excelente entrevista que fizeram ao nosso grande conterrâneo, Dr, Enes Ferreira.
Nunca é demais e é sempre oportuno relembrar o Homem a que Vendas Novas tanto deve e a extraordinária e grandiosa obra que levou a cabo em favor da sua terra que tanto lhe é querida.
A nível oficial demorou tempo, demasiado tempo a ser-lhe reconhecido o mérito, mas, finalmente (mais vale tarde que nunca), já tem uma rua em Vendas Novas com o seu nome.
As pessoas do seu tempo(já poucas porque a lei da vida não pára) e as da geração seguinte conhecem bem as virtudes e obra deste insigne vendasnovense e do seu amor à sua terra.
Para as novas gerações, que ele diz já não o conhecerem, são artigos e entrevistas como esta que recordam e dão a conhecer o Homem e o Vendasnovense ilustre que foi, é e continuará a ser o Dr. Enes Ferreira.
Bem Hajam
Boas tardes !
acho notável a iniciativa de darem a conhecer um pouco mais das pessoas que deram o seu contributo à nossa cidade, espero que continue, já que há muita gente que não conhece os interlocutores da nossa história !
um grande bem haja, e um abraço do compadre !
Vá lá, pessoal, não concentrem os vossos comentários na forma ou em qualquer outra qualidade do texto. Pela minha parte, desculpem a ousadia, vejo mais vantagens em que o façam em relação à personalidade aqui focada.
Neste post, transcrevemos o que achámos essencial desta breve conversa com o Dr. Ennes Ferreira, na expectativa de alcançar pelo menos dois objectivos.
Por um lado, porque nunca é demais realçar o importante papel que este vendasnovense teve na criação do concelho e no desenvolvimento que o mesmo sentiu nos primeiros anos.
Por outro lado, porque temos a noção que as gerações mais novas não têm suficiente conhecimento sobre esta personalidade. Esperamos ajudar também no sentido de alterar essa situação.
Já agora, aproveito para dar conhecimento, por ser de inteira justiça, que os créditos deste post devem ser atribuídos ao Marco Alves ("kito"). Foi ele que teve a ideia e foi também ele quem escreveu o texto original. Eu apenas o acompanhei, dei umas pequenas achegas no texto e pouco mais.
Tive o prazer de conhecer o Dr. Enes Ferreira e sua esposa, Srª D. Maria Adelaide há um bom par de anos.
Aos Domingos lá estava o casal, sempre na mesma mesa, do Restaurante Pastor,a almoçar.
Procurei sempre ocupar a mesa do lado e ficar à conversa com o casal. Durante alguns anos mantive este ritual porque eram sempre uns momentos de prazer que me davam, falando de tudo o que ocorria em Portugal e no mundo.
Infelizmente a morte levou a D. Maria Adelaide, companheira de uma vida, e o Dr. Enes Ferreira não foi mais o mesmo, a alegria de viver e de conviver já não era a mesma, e deixei de o ver com tanta regularidade.
Tenho uma grande admiração pelo Dr. Enes Ferreira principalmente pelo seu grande carácter e honestidade. Nunca lhe ouvi uma palavra contra ninguém, nem lhe ouvi qualquer lamento por situações do passado recente.
Bem hajam por darem a conhecer um pouco deste grande homem, porque o que escreveram soube-me a pouco, e o Dr. Enes Ferreira ainda tem muito para dar.
Corroboro sem a mínima dúvida, caro Moutal, o que diz a propósito do grande carácter e da honestidade do nosso interlocutor.
E, sim, também fiquei com a sensação de que o Dr. Ennes Ferreira tem condições para ainda dar muito, especialmente aos amigos e à família, dos quais falou de forma bastante sentida.
Em boa hora se lembraram desta iniciativa dando a conhecer o que foi a vida deste "enorme" Vendasnovense e a quem Vendas Novas tanto deve!
Tive oportunidade de conversar algumas vezes com o Dr. Ennes Ferreira e "bebi" com sofreguidão alguns episódios que gentilmente me relatou de um modo natural e amável.
É um ser Humano de "H" grande e daqui a muitos anos (infelizmente) terá as merecidas homenagens.
Parabéns pela vossa iniciativa!
Parabéns pela iniciativa, o Dr. José Manuel Ennes Ferreira, merece tudo isso e muito mais.
Tive o previlégio de trabalhar com ele, conheço o seu carácter e a sua personalidade e decerto o nosso País - e nós - estaria melhor se aqueles que nos governaram/governam, na sua generalidade,tivessem a mesma forma de estar que o Dr. Ennes Ferreira.
“os mais novos não me conhecem, pois vivem a história do seu próprio tempo, o que é normal, foi assim também no meu tempo."
Tão simples e, no entanto, tão sábias palavras. Fizeram-me recordar os textos de outro grande homem portugês: Agostinho da Silva.
O Dr. José Manuel Ennes Ferreira é um dos Vultos de maior notoriedade da história de Vendas Novas, de longe o maior Vulto ainda vivo, que muito fez pela sua terra, de uma simpatia e bondade ímpares, incapaz de criar animosidades mesmo em relação àqueles que, injusta e injustificadamente, o magoaram bastante.
Ainda está por fazer a verdadeira homenagem que o Dr. Ennes Ferreira, pelo muito que fez em prol da sua terra, merece, mas que a sua humildade, seguramente, rejeitará.
Associar o Dr. Ennes Ferreira, apenas, à elevação de Vendas Novas a concelho é, de facto, muito pouco:
- A vinda das duas fábricas de montagem de automóveis, concentrando um elevado número de empregados, com salários bem superiores aos praticados até então, e que foram motivo de grande desenvolvimento local, a Ele se ficaram a dever;
- A admissão, na função pública, e em particular na Direcção Geral das Actividades Económicas onde foi Director Geral, de alguns jovens de Vendas Novas, em muito a Ele, também, se deve (eu fui um deles, apesar de ter declinado na véspera da tomada de posse);
- Muitíssimas outras coisas, terá feito o Dr. Ennes Ferreira, anonimamente como era seu apanágio, pela sua terra e pelos seus conterrâneos privilegiando sempre os mais humildes.
O Dr. Ennes Ferreira, pela sua obra, pelo seu carácter, pela sua personalidade, é um exemplo, felizmente ainda vivo, que a todos nos enche de orgulho!
Que Deus o guarde entre nós, com saúde, por muitos anos!
Obrigado Dr. Ennes Ferreira
Ao "Anonimo" anterior quero fazer uma pequena correcção naquilo que disse. Aliás tanto eu como o Alentejodive tinhamos a ideia que as 2 fábricas de montagem de automóveis foram aqui colocadas por influência do Dr. Ennes Ferreira, no entanto na conversa que tivemos foi uma das coisas que ele nos clarificou. Quando o concelho é criado já as fábricas existiam em Vendas Novas. A sua implementação não teve qualquer influência por parte do Dr. Ennes Ferreira. No entanto, e como ele próprio nos disse, foram de extrema importancia para o desenvolvimento desta terra e manteve sempre optimas relações com estas 2 empresas.
Agradeço também os comentários que aqui foram deixando e as palavras queridas que dedicaram a um grande Homem e um grande Vendasnovense.
Por fim queria agradecer ao amigo Joao Fialho (Alentejodive) ter colaborado comigo neste trabalho, porque sem a grande ajuda dele não teria conseguido esta pequena Homenagem, se é que assim poderemos chamar.
Eu faço parte daquele grupo de jovens que vive a "História do seu tempo". Conhecia o Dr. Ennes Ferreira (não pessoalmente) e alguma da sua obra, no entanto conhecia apenas uma "gota" num "imenso oceano" daquilo que foi e é este Homem e o que representa para Vendas Novas. Foi também nosso objectivo dar a conhecer um pouco mais do passado de Vendas Novas e da sua História á geração mais nova, na qual eu também me incluo.
Um Abraço a Todos
Agradeço a reposição da verdade posta pelo Kito relativamente à vinda das duas fábricas de automóveis para Vendas Novas; era, de facto, minha convicção que o mérito se tinha ficado a dever ao Dr. Ennes Ferreira, não obstante saber que a elevação da freguesia de Vendas Novas a concelho ter ocorrido posteriormente.
Reposta que está a verdade, resta-me voltar a agradecer a quem o fez, e mesmo “dilitanto” a vinda das fábricas à extensa obra que nos deixou, o Dr. Ennes Ferreira continua e continuará a ser por muitos anos um dos maiores Vultos da história de Vendas Novas.
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