segunda-feira, 11 de dezembro de 2006

Viagem à Roménia


Decidi aceitar o desafio que o meu amigo João Fialho me lançou, de apresentar no Atribulações apontamentos de uma experiência diferente do habitual, como foi a primeira reportagem internacional de meios de comunicação social locais, na viagem que realizei à Roménia, na companhia do meu colega Bruno Pereira, responsável pela reportagem fotográfica, para acompanhar a prestação dos jovens de Vendas Novas no Festival da Canção Euro-júnior.

Além de conhecer um País de Leste, através da sua capital, Bucareste, tivemos oportunidade de conhecer por dentro, como se realiza uma organização de nível internacional, que prima pelo pormenor, e com regras bem definidas, até para os órgãos de comunicação social.

Baseada na segurança, porque assim obriga, ainda mais com a importância de um evento destes, a organização colou à disposição das delegações, as condições possíveis, já que se a Eurovisão demonstrava muito profissionalismo, o país esse, revelava notório deficit de condições, que apareciam a conta gotas, conforme se ia solicitando, nitidamente a revelar algum amadorismo e falta de preparação para dar resposta a organizações desta envergadura.

Delegações de 14 países, envolvendo cerca de 700 pessoas entre, cantores e suas comitivas, elementos da organização e órgãos de comunicação social, estiveram instalados cerca de uma semana na cidade de Bucareste.

Bucareste fica situada no sul da Roménia e tem cerca de 2 milhões de habitantes. Foi em tempos considerada a Paris de Leste, com os seus belíssimos monumentos, entre os quais o “Arco do Triunfo”. Tem no palácio do Parlamento, o 2º maior edifício do mundo, a marca deixada pela ditadura de Nicolae Ceausescu, que primava pela ostentação, e que segundo um dos nossos taxistas, aquando da nossa permanência, “hoje é um edifício bonito, mas ali está a marca de pobreza em que nós vivemos, para esta luxúria, estamos nós a viver miseravelmente”. A religião dominante é o cristianismo ortodoxo, com bonitas igrejas espalhadas pela cidade.

Pelas visitas que fizemos à Cidade, observam-se muitos edifícios com grandes fachadas, em contraste com uma cidade velha, degrada, com muitos “andaimes” a cobrirem fachadas de casas que aos poucos, vão sofrendo obras de recuperação, já que a ditadura, terminou recentemente com a morte do ditador, em 1989, depois da revolta popular. A ditadura custou 300 mil vidas e em cada jardim, vêem-se espetadas, muitas cruzes em madeira, assinalando a data e o local, onde “sucumbiu” mais um resistente à repressão.

Uma cidade triste, com muitos pedintes, uma percentagem de mendigos acima da média e em certas zonas o cheiro nauseabundo, obriga-nos a acelerar o passo, para evitar essas zonas. Uma sociedade que se sente viver num ambiente com alguma corrupção, daí os rostos tristes dos renegados romenos. Alguma anarquia, nomeadamente no transito, que deixa surpreendido a quem está habituado a regras, com a fiscalização policial muito pouco visível. O preço de uma bandeirada de Táxi pode ser, diferenciado, conforme quem nos aparece para prestar esse precioso serviço, do qual dependemos nos 3 dias que aí permanecemos. Sempre à espera de gorjeta, por tudo e por nada, são aspectos que não pudemos ignorar, e que de certa forma nos deixaram sempre de sobreaviso.

Mas falemos da reportagem, além da RTP, apenas a Granada FM e a Gazeta de Vendas Novas estiveram presentes em representação do nosso país, facto que a delegação da televisão pública, fez questão de salientar. O apoio de algum comércio local, garantiu aquilo que inicialmente parecia impossível, uma reportagem internacional, de um evento que merecia sem dúvida este esforço. A notoriedade que a cidade de Vendas Novas teve, até com a inscrição no livro de apresentação distribuído no evento, certamente foi um dos momentos que fica na história, pela positiva.
Apesar do favoritismo, que até a nível da imprensa internacional, era dado à prestação portuguesa, a votação não foi condizente com essa perspectiva, causando alguma surpresa no seio da organização, mas esse aspecto é o menos importante, já que toda a experiência foi enriquecedora, para todos, e Portugal saiu de cabeça erguida. O Pedro e seus amigos, Inês, Marina, Beatriz, Miguel e João, foram o orgulho de todos nós. Valeu a pena. Quanto à reportagem, realizámos várias intervenções em directo, e recolhemos som dos intervenientes. Na edição da “Gazeta de Vendas Novas” de 5 de Dezembro divulgámos reportagem sobre o Festival, e na de 19 de Dezembro divulgaremos uma reportagem sobre a cidade de Bucareste. Foi uma experiência enriquecedora e um marco importante na história dos órgãos de comunicação social locais.


Carlos Branco

17 comentários:

João Fialho disse...

Senti uma grande satisfação quando o amigo Carlos Branco aceitou colaborar connosco no "Atribulações Locais".

Sendo esta a sua primeira participação directa, é natural que ele ele próprio sentisse uma certa angústia, por manifesta falta de tempo, essencialmente em face das inúmeras tarefas que tem em mãos nesta altura do ano.

Este seu primeiro texto afasta qualquer tipo de dúvidas ou hesitações que ainda lhe restassem, dada a forma explícita, muito descritiva e de fácil leitura que soube utilizar. O resultado é, a meu ver, excelente.

Ficamos a conhecer um pouco mais do que é a Roménia na actualidade, bem como o ambiente vivido no EuroJunior06, em Bucareste.

Só desejo que se sinta bem neste seu novo papel, e que nos volte a deliciar em breve com mais textos desta qualidade.

Anónimo disse...

30 anos de Poder Autárquico Local
Por todo o País de Norte a Sul comemora-se esta data.E em Vendas Novas como vai ser???????????????
Será que o PSD, o PS e a CDU se vão unir e comemorar esta data!!!!!
Como?Em que local?A que horas?

Anónimo disse...

Pergunta do dia:
O poder local tem contribuido para o desenvolvimento do País:
.SIM
.NÂO
.QUAL PODER

João Fialho disse...

Este texto constitui a primeira contribuição directa do amigo Carlos Branco aqui no blogue.

Penso que ao serem trazidos aqui textos que nada têm a ver com o tema proposto, em nada se contribui para o bom desenvolvimento do próprio tema.

Por muito louváveis ou pertinentes que possam ser as questões mencionadas, julgo que será de todo preferível que se proponha a discussão desses temas fora deste post. Ora os nossos leitores estão absolutamente à vontade para o fazer. E mesmo para nos enviarem, se quiserem, textos da sua autoria para publicação.

Isto, naturalmente, é válido para todos os casos análogos que ocorram aqui no blogue.

Anónimo disse...

gostei de ler este texto sobre a Roménia.

Anónimo disse...

Caro amigo,

achei muito interessante o seu texto sobre a Roménia.
apenas estranho que ainda não tenham vindo as vozes do PS defender a sua Roménia querida e o amigo Ceausescu.
se esse texto fosse escrito antes de 89, lá viriam os socialistas, com o Mário Soares à frente a defender o amigo (pessoal) Ceausescu.
hoje, isso já passou, portanto, pode-se criticar à vontade que já ninguém liga, nem os socialistas mais fiéis ao seu passado (o que é raro) se recordam desses tempos em que aplaudiam a Roménia

Anónimo disse...

Caro colega de reportagem, é com grande apreciação que leio o texto que redigiste em relação à Roménia. Não erras-te em nada, muito pelo contrário. Ao ler o que escreves-te, revi-me em Bucareste, outra vez. Lembrei-me daquela cidade que pudia ser uma das mais belas do Mundo, e se a recuperação que pudemos assistir continuar, não tenho duvidas que voltará a ser uma das cidades mais belas. Faço também um reparo ao teu texto, não uma critica, mas sim um acrescento.
A capital da Roménia, está repleta de casinos. Quase em cada esquina de uma rua, podiamos encontrar um casino. Aliás, lembro-me do amigo táxista ter referido que Bucareste é a Las Vegas da Europa. Num país onde só existem extremos, pobreza e riqueza, a corrupção reina como ninguém, resultando numa anarquia.

Vamos ver onde será a próxima reportagem...

Anónimo disse...

A próxima reportagem podia ser a Lisboa por exemplo e comparar com Bucareste.
Aquele anónimo a atacar os socialistas,não sei aonde quer chegar.

Anónimo disse...

O poder autárquico em Portugal tem vindo a desenvolver iniciativas que têm beneficiado oa vida das pessoas, sem dúvida. Porém tem vindo a afirmar-se como uma forma de promoção dos autarca e dos partidos (falo de um modo geral) numa campanha constante utilizando os dinheiros públicos. É o exercício da democracia, que também à moda nacional tem vindo a criar uma classe social que primeiro que tudo cria benefícios para si própria e que a meu ver retira virtudes à democracia.

Anónimo disse...

O anónimo que não ataca os socialistas, apenas relembra a paixão que eles tinham pela Roménia e pelo querido líder Ceausescu.
Recordar é viver!

Anónimo disse...

Adorei a "manif" de alguns autarcas do Distrito de Évora ,e que passou num dos canais da nossa TV.
Advinhem lá quem é que ia na linha da frente?...
Fiquei sem saber a finalidade da "manif".Seria para comemorar os 30 anos do Poder Autárquico?

Anónimo disse...

A propósito de " Poder Autárquico "
vou colocar uma adivinha, e, espero que quem saiba responder que o faça.
Qual é a coisa qual é ela que os vendasnovenses e não só, estão a perder à mais de um ano, e que pode ir de 3 a 5 centimos, e que o nosso " Presidente " aproveita todos os dias em Èvora, e não quer em Vendas Novas ???

Anónimo disse...

Amigo Carlos Branco o seu artigo escapa,mas olhe que a ROMÉNIA é um país Europeu!
Não lhe chame de "Leste" porque o Muro de Berlim já caiu há uns anitos!

Anónimo disse...

"Nosso Presidente" , ponto e virgula .Sou MAIS EXISTENTE !

Anónimo disse...

"Apesar do favoritismo, que até a nível da imprensa internacional, era dado à prestação portuguesa, a votação não foi condizente com essa perspectiva, causando alguma surpresa no seio da organização..".

PRESUNÇÃO E ÁGUA BENTA......

Anónimo disse...

Fiquei sem saber se a Espanha ficou à frente de Portugal!!!!!!!!!

Anónimo disse...

sim espanha ficou á frente de portugal