sábado, 9 de dezembro de 2006

Um problema de identidade e de auto-estima

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Tenho vindo a publicar, nos últimos dias, um conjunto de fotografias que atestam situações lamentáveis. Todas se referem ao Jardim Público de Vendas Novas e às suas imediações. A minha intenção inicial era publicar ainda mais algumas fotografias do mesmo género das que já conhecem, de modo a chamar a atenção para um conjunto de situações similares, todas elas também infelizmente lamentáveis. Decidi, no entanto, que não vale a pena. E se não vale a pena é apenas porque acredito que já todos perceberam o que se passa a este nível. Não se justifica, por isso, massacrar-vos ainda mais. Mas algumas coisas merecem ser ditas.

A primeira é, desde logo, que Vendas Novas tem vindo a ficar mais feia. O que resulta, em boa medida, destas atitudes praticadas por alguns que "sujam e conspurcam os locais públicos em desrespeito pelos outros cidadãos" (entre aspas, parte de um comentário aqui deixado por um leitor). Mas também nos apercebemos, tal como fui referindo nos textos anteriores, que estas situações não são de agora. Muitas delas já têm anos. Haverá, por certo, justificações sociológicas para que estas coisas aconteçam. Para o que não encontro justificação, pelo que me tenho apercebido, é nada fazer-se para combater este preocupante fenómeno.

Em segundo lugar, porque independentemente de tudo o resto, se torna desde já importante a "reposição da normalidade, apagando todas as marcas dos actos de vandalismo, a qual não é feita em devido tempo e, para além da péssima imagem, é um “convite” a que novos actos de vandalismo sejam cometidos" (idem). Sem dúvida que este leitor tem razão. Além do mais, antes mesmo de se traçar uma qualquer estratégia de combate ao fenómeno, importará, digamos assim, repor a normalidade. E porquê? Desde logo, para que os vendasnovenses não sejam obrigados a assistir a esta autêntica "ditadura grafyteana" a que são sujeitos diariamente. A qual, além de tudo o mais, deixa uma péssima imagem do que somos como comunidade.

Em terceiro lugar, também quero dizer que há outros maus exemplos que pouco têm a ver com grafyties, mas que em nada ajudam a tornar o espaço público melhor e mais apetecível aos cidadãos em geral. Referi esse facto em posts anteriores (há mais casos que não deixei agora patentes), porque considero extramente errado que maus exemplos sejam dados exactamente por quem deveria sentir responsabilidades acrescidas em evitá-los.

Por último, também quero deixar clara e pública a minha indignação em relação à aparente falta de resposta, um qualquer tipo de resposta, a estes atentados perpetrados em espaços públicos. Digo isto porque uma comunidade como a nossa, que não se preocupa suficientemente com estas e outras questões análogas que têm acontecido em Vendas Novas sofre, em minha opinião, de um grave problema de identidade e de auto-estima, ainda por resolver. Que todos sabemos que existe. Não temos é querido ou sabido encará-lo.

14 comentários:

Anónimo disse...

Não desista do excelente trabalho que tem vindo a publicar.
Por exemplo:
-Já reparou que na estrada nacional-N4-no sentido Pegões -V.Novas,a placa indicativa do lugar-PIÇARRAS,desapareceu na sua quase totalidade! É que cada barra transversal em alumínio,tem o valor aproximado de uma dose no que respeita a"droga".
Pena é que relativamente ao Dia Internacional do Deficiente nada se fez nesta localidade!........

Anónimo disse...

Este fenómeno do roubo de placas e sinais de trânsito, por causa do alumínio que contém, tem vindo a ser associado à pequena criminalidade.
O mesmo se passa com o roubo de fios de cobre das instalações eléctricas e de telefone, por causa do cobre.
São fenómenos aos quais deve ser dada importência e tratados quanto antes. O mesmo com aqueles que nos trouxe. Se nada se fizer, toda a gente perde.

Anónimo disse...

Gostei da Feira das Antiguidades e Artesanato que pela 2ªvez saiu à "baixa " da nossa mui nobre Ciade de Vendas Novas e a mostrar que é uma cidade com futuro.
Pena foi que o frio tenha obrigado os nossos artesãos a terem que se agasalhar muito bem.
Pena também para a proibição de estacionamento no parque privativo da E.P.A..Falta de coordenação ou "amuos" entre vizinhos!!!!!!

Anónimo disse...

E essa Feira de Antiguidades, tem futuro? É que ainda não fui lá.

Anónimo disse...

Vendas Novas é muito incaracterística. Não tem um background como as terras nossas vizinhas - Montemor , Coruche , Évora , Setúbal.
Aqui são sempre os outros que tem obrigação de resolver os problemas ; nunca nós.
Aqui a culpa é sempre dos outros , os outros que resolvam ; nunca nós.
Aqui os outros que se acheguem á frente ; nunca nós. Nós ficamos na retaguarda a ver no que dá.
Aqui não é preciso contribuir , a não ser quando tem mesmo de ser , caso contrário os outros que o façam ; nunca nós.
Aqui quando não há culpados a culpa é da Camara ; mas so porque alguém tem que ser culpado , não é por mais nada ; tem culpa mesmo que naão tenha culpa nenhuma nem seja prai chamada.
Aqui a maior parte não são de cá , os de cá que se preocupem ; nós não, não somos de cá.
Aqui é preferivel não dar a cara , os outros que apareçam ; nós não.
Por isso, é normal aqui não haver oposição como deveria ser ; a gente não gosta do que temos; mas os outros que se preocupem com isso ; porquê nós?
Por isso tudo nem vou por aqui o nome , os outros que ponham.

Anónimo disse...

Caro amigo
Já tive ocasião de lhe dar os parabéns pelos excelentes posts que vem publicando, e que culminaram com esta colecção sobre o jardim e os grafitys que vão conspurcando tudo o que está na vertical. Mas notei que da sua parte há algum desânimo, as reacções não foram as esperadas.

Não é para o animar, mas o pessoal já está tão habituado a ver os espaços públicos votados ao abandono, que já não estranha, e perdeu um pouco o sentido crítico e de exigência para com os responsáveis pela sua correcta conservação e utilização, ou seja, uma parede suja, um passeio esburacado, a falta de iluminação, a falta de passagens para peões, o lixo à volta dos contentores, etc… etc… tornaram-se rotina. Não desanime.

Dos comentários que li, fixei algumas frases:
“É lamentável que meia dúzia de vândalos ponham em causa o elevado civismo da população”.
“É urgente saber o porquê destes actos”.
“Os gatafunhos não têm qualquer sentido criativo”.
“Criar espaços à criatividade”.
“Há cidades onde ainda é pior”.

Quero apenas fazer um pequeno comentário, não de resposta a ninguém, porque não é esse a minha intenção, mas apoiar-me apenas nalgumas coisas que foram escritas.
E começando pela palavra “vândalos”, que o meu caro amigo também utilizou para adjectivar os autores dos “gatafunhos”.
Quanto a mim, acho a palavra forte demais, e fui ao Dicionário da Porto Editora procurar o significado da palavra: “vandalismo”- acto próprio de vândalo; destruição de tudo o que é belo, científico e artístico; selvajaria; depredação. Quase que me apetece acrescentar “talibans”. Salvo melhor opinião, não foram praticados actos de vandalismo, por enquanto, na nossa cidade.

Também concordo, que é preciso saber o porquê destes actos. Eu sempre ouvi dizer, e tenho nessa área alguma experiência, é a de que, quando não se tem nada que fazer, fazem-se asneiras. É fatal como o destino. Realmente os gatafunhos não têm qualquer sentido criativo, ou por ignorância, falta de gosto ou de imaginação. Mas por muito criativos que fossem, nada resultava se não fossem feitos em local apropriado.

E aí dou razão ao leitor que nos fala na criação de espaços à criatividade. E porque não? Uma cidade que tem uma exposição internacional de pintura não é capaz de criar um espaço de criatividade para estes “pintores”? E para os outros também.
Nos nossos Bombeiros, foi posta uma parede à disposição dos professores e alunos, para lá pintarem qualquer coisa alusiva aos bombeiros, e o trabalho lá está e não envergonha quem o fez, nem envergonha os bombeiros.

Há cidades ainda piores. É verdade que há, mas isso não serve de consolação a ninguém. Eu particularmente gosto muito mais de uma cidade limpa e asseada, e não do que infelizmente vejo à minha volta.

MouTal

Anónimo disse...

Quanto aos apontamentos que nos foram deixados por “alentejodive”, já tudo foi dito quanto à qualidade e sentido de oportunidade dos mesmos; reitero os meus agradecimentos pelo seu excelente trabalho e fico na esperança de que as “ondas de choque” provocadas contribuam, decisivamente, para uma vida em sociedade mais “limpa” e ecologicamente menos agressiva.

Da força política Os Verdes, como parte integrante da coligação CDU regente dos destinos da autarquia, esperar-se-ia uma intervenção mais actuante e em consonância com a ideologia do partido.

Quero aqui deixar manifestada a minha mágoa quanto ao “deficit” de participação registado, tendo presente os temas em causa e o extenso universo a quem eles se dirigem e, de um modo ou outro, sempre vão afectando.

Os temas focados, do interesse de toda uma população, mereciam uma participação bem mais expressiva, facto que o fim-de-semana prolongado, por si só, não consegue justificar.

Muitas vezes, acabamos por ter aquilo que merecemos…

Marco Alves disse...

Olá a todos ...

Antes de mais quero dar os parabens publicamente ao Alentejodive pelo excelente trabalho de preocupação que demonstrou e demonstra em alertar para estes problemas. E alertar não é arranjar culpados mas sim soluções. Quando vivemos em sociedade temos o dever de fazer o que o Alentejodive fez quando achamos que algo está mal, que é alertar para os problemas. E não apontar o dedo a quem quer que seja, caberá a quem de direito encontrar culpados.

Neste caso dos grafitys acho que fez muito bem em apresentar a sua opinião e a forma como o fez. Também eu sou contra este tipo de atitude de alguns individuos perante a sociedade e seus bens publicos.

Concordo plenamente com alguns comentários aqui publicados, nomeadamente encontrar razões para estes actos. Penso que uma possivel resolução do problema passará sempre por perceber o porquê do problema, isso é fundamental. Apenas pintar ou limpar os grafitys não solucionará o problema, irá temporariamente adiá-lo.

Criar espaços para a criatividade será uma opção. Permitir este tipo de pinturas num local previamente destinado para o efeito poderá motivar alguns dos autores a criar algo de util e que no futuro se possam orgulhar. O problema é que geralmente estas pinturas tem um significado anti-sistema. Estar contra a sociedade é a forma, segundo os grafyters, de se afirmarem e marcarem a sua posição. Pintarem num local destinado para o efeito era inserirem-se no próprio sistema e na própria sociedade, algo que poderá não lhes agradar.

Por isso reafirmo que a forma mais lógica de resolver o problema é percebe-lo. Neste caso e a meu ver temos três hipóteses para tentar perceber os motivos das pinturas:

- Poderão ser uma forma de ataque ao sistema e á sociedade que os rodeia.

- Poderá ser a forma de "publicar" alguma da sua criatividade como uma necessidade de auto-afirmação.

- Ou poderão apenas ser actos sem motivo aparente, como seguir exemplos de outros meios urbanos mais problemáticos.

Bom Domingo a todos
Marco Alves

Anónimo disse...

Tascas e tasquinhas , torneios de futebol entremeadas o melhor de Vendas Novas e localmente o votozinho naqueles que coiso e tal

Anónimo disse...

Tascas e tasquinhas , torneios de futebol entremeadas o melhor de Vendas Novas e localmente o votozinho naqueles que coiso e tal

Anónimo disse...

Parabens ao comentário das 14H50.

Anónimo disse...

Acompanhe o Forum TSF hoje cujo tema é dedicado aos 30 anos de Poder Local.

Anónimo disse...

É pena que o progresso tenha estes aspectos negativos que nós (sociedade em geral) ainda não somos capazes de evitar!

Anónimo disse...

A propósito ainda do Dia Internacional do Deficiente:
-Regressei da minha terra de infância-no Centro do país-após ter passado o Natal.
Pude verificar que em todas as ruas os passeios foram rebaixados para a passagem dos nossos deficientes.
Julgo que Vendas Novas pode fazer o mesmo sem grande despesismo do erário público.